Como manter um bom diálogo entre casais
- carolgouveapsi
- 2 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de mai.
Por que parece difícil?

Muitas vezes acreditamos que mantemos bons diálogos com nossos parceiros, amigos e familiares. No entanto, a verdade — difícil de encarar — é que, na maioria das vezes, não dialogamos de fato. O que temos são muitos monólogos disfarçados de conversas.
Nossas interações tendem a seguir padrões já estabelecidos, o que torna tudo um pouco automático demais. Sabe aquele “bom dia” ou “boa noite” mecânico, ou o beijo distraído na chegada ou na despedida? Pois é. Nossa forma de conversar também costuma seguir roteiros repetidos, muitas vezes imperceptíveis.
No início de uma relação, tudo é novidade. Prestamos atenção ao que é dito, buscamos sinais, queremos conhecer profundamente a outra pessoa. Há um desejo de agradar, de causar boa impressão — e os diálogos, nesse momento, são ricos, vivos, cheios de escuta genuína. Se a relação evolui, essa troca inicial costuma dar lugar à construção da intimidade.
Mas, com o tempo, essa mesma intimidade pode abrir espaço para a repetição. E, quando menos percebemos, estamos falando sozinhos. Interagimos, sim, mas sem realmente ouvir o outro — e sem nos sentirmos ouvidos também. A sensação de não ser escutado é uma queixa frequente entre casais. Muitas vezes, isso acaba gerando conflitos desgastantes, nos quais se busca um culpado: “quem não escutou?”, “quem não prestou atenção?”, “quem não demonstrou cuidado?”.
No entanto, em muitos desses casos, não se trata de descaso. Estamos falando de casais ótimos, com histórias lindas em comum, que apenas não perceberam que o verdadeiro vilão é o padrão de comunicação que se instalou entre eles.
Romper com esses padrões não é simples. Exige presença, dedicação e um esforço contínuo — porque, sempre que desfazemos um padrão, outro começa a se formar. Mas reconhecer esses movimentos, entender quais formas de comunicação fortalecem a relação e quais a enfraquecem, é um passo fundamental para vivenciar o vínculo com mais maturidade, escuta e prazer.
Carolina Gouvêa
Psicóloga | Abordagem Sistêmica
Referência: GRANDESSO, Marilene. Diálogos contidos – monólogos compartilhados, do livro Gritos e Sussurros: trabalhando com casais (org. Sandra F. Colombo, Vetor, 2006).


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